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Esta é a continuação da série de traduções do ex-ativista pelos direitos animais Gary Yourofsky. O texto anterior está aqui.
Em seu comportamento em relação aos animais, todos os homens são nazistas. A presunção com que o homem trata as outras espécies ao seu bel-prazer serve de exemplo para as teorias racistas mais extremas, o princípio de que “poder é direito”.
Isaac Bashevis Singer (1904-1991)
“Faz parte da vaidade e insolência humana considerar um animal estúpido, só porque parece estúpido para as suas percepções distorcidas.“
Mark Twain
Vídeo: Hipopótamo salva outro animal
Os bebês da espécie humana certamente estão entre os seres mais tolos e indefesos de todos. Ainda assim, nenhum ser humano que não seja um completo psicopata acharia correto que bebês fossem escravizados, assassinados ou queimados, como rotineiramente acontece com cachorros e porcos em experimentos ainda em uso atualmente. Quando a dor, o sofrimento e as emoções são levadas em consideração, TODOS os animais – sejam eles humanos, quadrúpedes, aves, cobras, peixes e outras criaturas aquáticas, anfíbios, insetos e afins – são iguais. Portanto, deveria ser a nossa meta como sociedade reduzir e eliminar toda a dor e sofrimento infligidos por nós a todos os animais inocentes.
Vídeo: Búfalo joga predador aos ares
É chocante constatar que muitos daqueles que concederiam direitos a bebês humanos sem pensar duas vezes sequer considerariam conceder direitos a outros seres muito mais inteligentes. Felizmente, o cretinismo de René Descartes – que considerava animais como meras máquinas sem qualquer consciência – já foi exposto há muito tempo (sua ideia permanece verdadeira para plantas, não para animais). Todos os animais, de insetos a baleias, são racionais, conscientes de si e de seu redor, em resumo, são seres inteligentes. Eles vivenciam uma gama de emoções, especialmente dor e felicidade. De fato, em 2015, a Universidade Kwansei Gakuin do Japão lançou um estudo demonstrando manifestações de puro altruísmo partindo de ratos ao salvar seus colegas do afogamento. É uma pena, porém, que os autores desta pesquisa tenham tido a ignorância e irracionalidade de afogar ratos em primeiro lugar.
Se você é um humanista e entende um pouco de história, deve se lembrar de todas as discussões idiotas a respeito da racionalidade e inteligência de certos grupos humanos também. Quase invariavelmente estas discussões afloram sempre que certos grupos humanos mais oprimidos (por exemplo, escravos africanos ou nativos da Índia subjugados às leis coloniais da Inglaterra nos séculos 19 e 20) clamam por liberdade e igualdade em relação aos seus opressores. A primeira reação dos algozes e opressores é sempre negar o fato de que as suas vítimas sofrem, sentem dor e são inteligentes. Isso permite que a escravidão e o assassinato continuem sem qualquer culpa ou reflexão por parte de quem participa. Por isso a mentalidade dos algozes é mais ou menos assim: “Você não é levado em conta pois é estúpido. Você não importa pois é irracional. Eu rio do seu sofrimento. Vou tirar a sua vida quando eu bem entender. Vou vender você e a sua família. Você não possui valor algum. Você não é capaz de pensar, como eu. Prove para mim por que motivo eu deveria ser gentil com você. Prove para mim que você merece ser livre.” Então por mais que as vítimas sempre se pareçam e se comportem de maneira diferente umas das outras (abelhas, lagostas, vacas, porcos, negros, mulheres, cristãos, muçulmanos, judeus, bruxas, ciganos, ruandeses, etc.), elas sofrem igualmente por causa da mentalidade dos algozes. Talvez seja difícil aceitar que enquanto os animais não-humanos claramente desejam ser livres da escravidão e tormenta imposta por seus opressores humanos, estes animais não são capazes de se posicionar pelos seus direitos e liberdades como os humanos. Mas isso não significa que estes direitos não existem ou são ilegítimos. Lembre-se, mesmo os direitos das crianças humanas (por exemplo, o direito de não ser submetido a experimentos envolvendo queimaduras num laboratório) podem ser representados por um procurador (como um advogado) num tribunal.
(Continua)
Texto original na íntegra: http://www.adaptt.org/animal-rights/animal-intelligence.html